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Nem sei...

Atualizado: 15 de abr.

Esta vida tem, realmente, tanto de bom como de mau. Tanto de belo como de feio. Tanto de extraordinário como de ordinário… Enfim, esta vida é, não vou dizer poço, pois parece que estamos sempre a descer, mas uma estrada com altos e baixos, montes, pedras, lagos… 

Eu uma “cota” de quase 62 anos não me imaginava assim nesta altura. Na realidade não me imaginava. Mas recordo os mais velhos da minha juventude… O que quero dizer é que vou descobrindo tanta coisa ainda, vou sabendo e até percebendo algumas situações que fui vivendo e que me assombram com a culpa e, não que a deixe de sentir, mas de alguma forma também se torna catártico este conhecimento e permite-me ter reações que expulsam a tensão acumulada. Passo a explicar. Surgiu uma série inglesa que se chama adolescência. Só tem 4 episódios e no último chorei baba e ranho. Não consegui controlar. Tudo o que fui vendo levou-me atrás, ao tempo dos meus filhos e embora a realidade seja um pouco diferente consegui sentir tudo. Ver o que não vi, sentir o que não senti, e pensar o que não pensei. Embora com problemas diferentes mas também avassaladores, senti o filho e senti os pais e senti os meus filhos e senti-me a mim. Chorei, chorei, ali sozinha, sentada no meu sofá.

Foi, de alguma forma, reparador. 

Hoje resolvi ler António Lobo Antunes. Tenho vindo a ler excertos que vão partilhando, e tenho vindo a desenvolver uma rara admiração por um homem, que já escreve há muito tempo mas que por alguma razão ainda não me tinha chamado a atenção. Se calhar como sou preconceituosa e o facto de ser burguês, tendo tido uma vida melhor que a maior parte dos que conheço, e também, por ser um homem bonito… Credo sou mesmo, preconceituosa! Bom, agora vou ler o 5º livro das Crónicas. Entretanto, fiz uma pequena pesquisa e descobri que está com demência, o que me chocou profundamente!

Também estou a descobrir que quase tudo me leva de volta à minha infância ou adolescência. Parece incrível e não sei se é comum, mas eu fui feliz nesse tempo. Pelo menos, a maior parte desse tempo, e havia aquela coisa de irresponsável, havia o colo, havia os irmãos… Depois de passado este tempo em que só lutamos, e nos arrependemos. Que percebemos que não vivemos, tão ocupados estamos a fazer aquilo que é expectável, trabalhar e, ao contrário do PM que tem uma boa vida porque "trabalhou", eu não. Sempre a tinir, sem férias, sem alma e com muitos erros à mistura dos quais nada posso fazer, porque não os posso corrigir, não há segundas chances. Talvez por isso, voltar lá a esse tempo seja natural, quando afinal, o tempo já nos foge. E apesar de me começar a resignar, creio que o voltar a casa seja também por si, uma forma de aconchego.


 
 
 

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