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Fingimento

Eulália Martins

Porque é que nesta vida,

todos fingem o que não são?

Os ociosos fingem fadiga,

os maus fingem-se bons, os ricos generosos dos sobejos que dão;

Eu finjo que sou poeta e tenho imaginação

Pobre de mim tão pequena


nesta grande imensidão.

Pobre de mim tão pequena,

que nada tenho de meu.

De virtudes desprovida,

peregrinando nesta vida,

pedindo a Deus meu perdão,

pois sempre digo o que penso.

Mas o que penso e escrevo

nem sempre é voz da razão,

é apenas movimento da caneta na minha mão.

 
 
 

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