Envelhecer!
É o que fazemos desde o momento em que nascemos. Claro que não pensamos nisso até ao momento em que... estamos velhos.
Tenho tido uns dias incríveis de isolamento. O bichinho da moda, finalmente, apanhou-me.
Estar isolado em casa, apesar das novas tecnologias, da TV, do telemóvel, pelo menos a mim, não me impediu da maior parte do tempo pensar nesta minha situação. A idade, a doença, o isolamento...
Cada um de nós vive este momento de maneiras tão diversificadas como complexas, o que de alguma forma me faz questionar esta coisa de sermos uns seres com ligações químicas, a fazerem das suas e como tal sermos mais ou menos iguais, contudo, termos todos, particularidades tão específicas e diferentes.
Não me quero pôr a divagar e fugir daquilo que aqui me trouxe. Faço isso muitas vezes.
Ser velho não me parece assim tão mau se retirarmos da equação:
O corpo que o sentimos muito mais, fruto das artroses, bicos de papagaio e outras maleitas que vêm com a degradação de algo já muito usado e com uma manutenção deficiente;
A falta de energia e endurance para correr e brincar sem ficar cansada 2 segundos depois;
A imensidade de medicamentos que temos que tomar para o colesterol, hipertensão, ansiedade, coração, fígado, diabetes...;
E claro os exames que temos que fazer pelo menos uma vez por ano não vá aparecer um cancro ou outra doença que, pior que nos matar, nos pode pôr a definhar até ao fim e , dependente dos outros;

Tirando estas coisas, só coisas boas (perdoem a redundância):
Relativizamos muito mais os problemas tristes, dolorosos e quase sempre, sem solução;
Não temos grandes expectativas em relação ao futuro;
Apesar de sermos bons profissionais já ninguém aposta em nós;
Aceitamos de bom grado tudo aquilo que nos pode pôr um sorriso na boca;
Apreciamos mais e melhor um bom jantar, um bom vinho e uma boa companhia;
Conseguimos mais facilmente rirmo-nos de nós próprios;
E conseguimos ser mais benevolentes connosco, quando percebemos que afinal ficamos tão parecidos com os nossos pais;
Claro que não somos todos assim, os velhotes. Há aqueles cínicos, amargos, e que não percebem a finitude e rapidez do tempo que temos. Vai-se lá perceber. Às vezes até parecem pessoas inteligentes e com alguma formação...
Deve ser aquela questão da inteligência emocional, de que tanto me têm falado ao longo da vida e que parece que em mim não se desenvolveu como devia ou, seria esperado.
Não vou fazer aqui nenhuma analogia à minha pessoa porque longe de estar certa e ser detentora da verdade, sei bem que nada sei.
Mas fico de alguma forma perplexa quando percebo, por exemplo que gente com a minha idade valoriza ainda muito as coisas, o dinheiro, o poder, o “show off”, que são arrogantes altivos e um monte de outros adjetivos que considero maus. Não consigo perceber ...
Não parece difícil perceber que, chegamos a um ponto sem retorno e que daqui, nada levamos.
Eu pessoalmente adoro rir! Por isso, prezo tanto a companhia desses que me sabem fazer rir, de uma forma inteligente, sem precisar de usar palavrões ou comédia brejeira ou brega.
Agora vamos falar de sexo!
É uma conversa que tenho tido com as minhas amigas e, ainda não conseguimos chegar a nenhum consenso.
Este gangue de cotas do qual faço parte vai dos 50 aos 60 e qualquer coisa. Umas são casadas, outras divorciadas e outras solteiras, portanto, há de tudo.
As casadas acham que o sexo acaba com a idade, mas acredito que dizem isso porque já estão fartas do mesmo...
As divorciadas e solteiras, dizem que não, e vão apresentado alguns exemplos; outras há que não acham nada. É giro.
No meio de tanta coisa que deixamos de poder fazer, ou pelo menos custa-nos mais, o sexo é a eterna dúvida: e será bom? Tanta pele a cair e a confundir-nos os neurónios... dizem algumas que ainda é melhor... pois não sei...
Bom, continuamos a desbravar este tema e percebemos que as de 50 estão já com uma performance muito avançada e que exige muito de nós:
Mensagens a afagar os egos de um e outro;
Nudes que basicamente é mandar mensagens com algumas partes de nós nuas;
E sempre que há um encontro vestirmo-nos como se fossemos mulheres super sexys e sensuais;
Percebemos que afinal as coisas mudam, mas não necessariamente para melhor. Por exemplo há quem facilmente se apaixone e considere aquela pessoa maravilhosa... durante 3 meses, depois é o cansaço.
Apesar do caminho trilhado, quase todos nós chegamos a um patamar que devia ser, aquela coisa da sabedoria, equilíbrio, serenidade e, afinal continuamos a debater-nos com tantas dúvidas, tando desconhecimento e, tantas incertezas...
Continuamos "I'm older now but still runnin' against the wind"
Bem, como podem constatar, a vida de uma cota é bastante interessante e diversificada.
É só esperar o momento em que partimos de vez e deixamos de nos preocupar!
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