O meu legado. É algo que tenho ouvido, ultimamente, com mais frequência. “Continuar o meu legado”, “preservar o meu legado”, “ não haverá tão cedo, alguém com um legado como o meu” e por aí fora.
Penso, será que as pessoas se acham assim tão boas que possam falar de legado? Quando se referem como algo espetacular, sendo que, me refiro a pessoas cuja vida é normalzinha e não fizeram nada que efetivamente mudasse o mundo para melhor, tivessem atitudes de grande altruísmo e humildade, contudo, o legado...
Creio que isto, revela, não só, a mesquinhez e pequenez de pensamento, mas também a presunção, a altivez e a arrogância com que certas pessoas se veêm. Principalmente hoje, século 21, em que tudo evolui tão rapidamente. Aquilo que foi outrora uma boa solução, hoje poderá estar completamente desatualizada e a precisar urgentemente de "upgrades". Contudo os egos são enormes e nem permitem que cada um veja o absurdo do seu "legado".
É algo muito comum nos humanos.
Hoje, falava com uma amiga, sobre uma questão mesquinha, da minha parte, que valorizei, empolei, dando-lhe uma importância que não tinha, minimamente. Sou humana. É um facto. Incomoda-me que o sendo, e tendo sempre atenção às falhas dos outros, eu também falhe, e tanto…
Já referi, não sei bem onde, que acho que a vida é um jogo e eu não o sei jogar. Aliás, sou péssima em quase todos os jogos. Mas isto para dizer, que não entendo como evoluímos e continuamos a errar tanto.
Como diz Chomsky o capitalismo estragou tudo e, claro a meritocracia também. Era muito mais fácil trocar um kilo de tomates por uma carta escrita para a filha/filho. Quando trocavamos aquilo que tínhamos por aquilo que tinhamos ou sabíamos, troca por troca, parece hoje, ser muito mais justo do que aquilo que fazemos, que é pagar tudo, até o ar que respiramos. Depois veio o capitalismo e começou a produzir em excesso e precisou-se de criar a necessidade para colmatar o excesso. Surge o consumismo, o marketing, a publicidade, etc. O consumismo levou aos desperdícios, e a usarmos cada vez mais, os recursos da natureza, até, dar cabo dela.
Poderei estar a exagerar um pouco, porque houve algumas coisas boas, mas, como sempre o Homem não sabe quando parar, e chegamos ao momento em que vemos a guerra a acontecer no ecrã, sentados comodamente no sofá, vemos a crueldade, a falta de Humanismo, e continuamos a viver a nossa vidinha, preocupados apenas, com as prendas que vamos dar no Natal.
Este jogo está cada vez mais difícil de aguentar.
Depois, temos as famílias que se digladiam por causa de "um par de meias que 4 filhos receberam como herança". Como pode ser uma coisa boa? Isto a que chamam Vida?
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