Aquele reflexo que vejo no espelho… sou eu... mas velha…
Sei, porque vejo a pele a enrugar no peito sempre que uno os braços…
Não consigo perceber... sem olhar o meu reflexo, sinto-me a mesma pessoa que sempre me senti. Sinto-me viva e capaz! Melhor, sinto-me melhor!. Mais calma, mais tolerante (bem... com algumas coisas), mais tranquila, talvez mais resignada... Eu sei! É horrivel! Sempre disse que isso nunca me aconteceria. Mas depois a vida diz-nos o contrário. As lutas, a preseverança, a resiliência perante a dor, a injustiça, os jogos de bastidores, que nos recusamos jogar, percebemos que ou nos juntamos a eles ou sofremos as consequências. Eu preferi sofrer as consequências...

Debato-me constantemente entre ser quem me sinto e, ser quem sou...
Ser quem me sinto, não sei se mais real, mas pelo menos mais verdadeiro, sou eu com menos filtros e mais livre.
Ser como sou, é aquela pessoa contruída pela educação pela sociedade, cheia de dúvidas, de moralismos, de julgamentos, de medos... cheia de amarras e prisioneira.
Que posso fazer para ser apenas uma só?
As contradições pelas quais passamos ao longo deste caminho, as deceções, a dor, mas também os momentos de felicidade, de amor, de humor, porque a vida sem o riso e o sorriso não é nada,, e sim sabermos rir de nós próprios, faz de cada um de nós as pessoas que somos.
Não é nada fácil trilhar este caminho, mesmo nada! Muitos só o fazem pela metade, outros nem isso... porque vivermos sem acreditar, sem esperança ou fé, é avassalador e pungente.
Os outros, podem ser, verdadeiramente, os nossos diabos...
Envelhecer hoje, é ser posto de lado, é ser um incómodo e é ser prescindível... triste não é?
Outrora envelhecer era sabedoria, amor, luta e coragem. Outrora envelhecer era vencer.
Hoje procuro ser quem me sinto na maior parte das vezes e procuro “inserir”, sempre que considero oportuno, ser quem sou.
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